15 de mai. de 2011

Mundo líquido? Eu acho que o mundo está é gasoso...



Estou lendo Amor Líquido, de Zygmunt Bauman, para uma apresentação no mestrado e confesso que, apesar de muitos dizerem que ele é pessimista e apocalíptico, eu estou achando que ele é até realista... uma realidade que assusta, mas está aí, bem nas nossas caras, facebooks e twitters...


Bem, explicando um pouco, Bauman fala que vivemos a era da liquidez das relações, que são fluidas, instantâneas, sem laços... basicamente é isso. Se alguém não serve mais em sua vida, basta dar um BLOCK (e é tão bom dar block em alguns indesejáveis... ai, ai... prazeres indizíveis...).

Por outro lado, saiu uma matéria sobre o Censo do IBGE, que diz que aumentou mais de 70% as pessoas que moram sozinhas. Morar sozinha tem muitas vantagens... é a liberdade em toda a sua plenitude. E aí está outro bom exemplo da liquidez das relações de que Bauman fala.

Fico pensando porque as pessoas estão deixando de lado, cada vez mais, as raízes, os laços fortes, para se envolverem em relações líquidas... é o poder da conquista que me vem a mente. É tão boa a fase da conquista... olhares, beijos que causam borboletas no estômago, olhares, frio na barriga, olhares... é a conquista... depois vira rotina e o ser humano quer mais conquista...

Mas a liquidez é tamanha, quase gasosa, que nem olhares e frio na barriga têm mais... é quer, quer, não quer, BLOCK! Tudo muito insensível, invisível... quase nada... só prazer por prazer. É possível esse tipo de prazer? Não consigo, confesso...

Quando eu era mais nova, adolescente, eu acreditava em amor à primeira vista... amei à primeira vista meu primeiro namorado... e foi ótimo todo o tempo que durou... hoje, não acredito mais... acredito que o amor vem com a convivência, com a amizade... só consigo amar depois de conhecer a pessoa, de conversar, de ter algum contato mais aprofundado... por isso tenho tanta dificuldade em baixar a guarda... quando baixo, é porque o cara é realmente especial... ou vejo algo de especial nele... e assim fica tudo muito mais gostoso...

Voltando a Bauman, fico pensando se o futuro vai ser todos vivendo sozinhos... cada um no seu canto, se encontrando somente quando estão afim, vivendo mundos paralelos... pode ter suas vantagens, mas o esforço diário para manter uma relação também tem seu charme... e é isso que falta nos dias atuais... achar o charme de se viver a dois. Se o bom do começo de uma relação é a conquista, por que não fazer da relação uma conquista diária? Deve ser bom demais criar um vínculo que está cada vez mais raro... um clichezão gigante, mas tão verdadeiro...

E nada de relações “empurra com a barriga”... se for assim, melhor a liquidez... ainda acredito nas relações sólidas, de amizade, de companheirismo, de namoro... de tudo que faz bem...

Mudando de assunto... hoje no Facebook “inventei” o termo Filosofia do Sabonete para aqueles que acham que são grande coisa mas não são nada e vivem a vida alheia, ou o passado, enfim... como tem gente assim no mundo... senhor!!! Pensei nesse termo por causa do filme Clube da Luta... eles fabricam sabonete, lembram? Fiquei pensando que eu nem deveria perder meu precioso tempo com isso... e mais: respeito quem as pessoas são, por mais estranho e no sense que possa parecer. Mas não gosto de saber que estou sendo “chicoteada” pelas costas... e sei que sou. Penso ainda que deve ser difícil conviver com quem eu sou, não é? Ai, ai... tenho pena!

Para finalizar, Bauman:

“E assim é numa cultura consumista como a nossa, que favorece o produto pronto para uso imediato, o prazer passageiro, a satisfação instantânea, resultados que não exijam esforços prolongados, receitas testadas, garantias de seguro total e devolução do dinheiro”.

“Não é verdade que, quando se diz tudo sobre os principais temas da vida humana, as coisas mais importantes continuam por dizer?”