20 de ago. de 2008

Butterflies in my stomach


Onde estão as borboletas?

Estão no arrepio na espinha?

Estão nos desejos, na espera, na angústia, na alegria sem fim, no sorriso, na vontade louca de dançar e sair rodopiando?

Estão nos olhares de censura? Que talvez estejam só na minha cabeça? Ou estão nos olhares trocados de canto de olho, que ninguém vê?

Estão nas loucuras, no beijo roubado e proibido?

Estão nas falas, nas entrelinhas?

Estão nos toques de mão por baixo do espelho? Nas palavras de uma vida escrita em algumas páginas?

Mas por que elas não estão em todos os lugares?

Por que não estão no olhar certo? No certo... no que tem futuro?

Por que elas aparecem quando aparece o errado? Na finitude daquilo que acaba mais cedo ou tarde?

No entanto, eu quero as borboletas... batendo suas asas e gerando o caos...

Mesmo com toda a espera, com todo o errado... mesmo que venham também as lagartas... ah... eu quero as borboletas!

Não importam suas finitudes... não importam que suas asas, cedo ou tarde, pararão de bater... ah... eu quero!

Eu quero o cheiro de pipoca... eu quero a dor de barriga... eu quero a cor do céu... estrelado, sem nuvens... eu quero a cor da manhã...

Eu quero a manhã mais feliz!

Quero o drama, a mentira, o ciúme, a comédia... ah... as borboletas!

Borboletas que revoavam pelo meu estômago, sobem pela garganta, passeiam em meus ouvidos, rodopiam dentro de mim... cada bater de asas são milhões de dúvidas, receios, encrencas, loucuras... mas quem é que quer a certeza, a razão, o correto, o dia a dia sem tirar nem pôr? Até que ponto vale a pena dedetizar as borboletas?

Até que ponto vale a pena encarar o mundo, fazer as escolhas certas (certas???) e ir matando as borboletas pelo caminho?

O seguro... as certezas... o futuro... tudo isso contra as borboletas...

Demorei tanto para sentir borboletas novamente... para trilhar esse caminho cheio de borboletas... que hoje não imagino a vida sem elas. Ah... eu realmente quero as borboletas!
...................


Para finalizar... segue um texto lindo do Luís Fernando Veríssimo, que tem tudo a ver com minhas borboletas...

A Pessoa Errada
Luís Fernando Veríssimo


Pensando bem, em tudo o que a gente vê, e vivencia, e ouve e pensa, não existe uma pessoa certa pra gente.
Existe uma pessoa que, se você for parar pra pensar é, na verdade, a pessoa errada.
Porque a pessoa certa faz tudo certinho
Chega na hora certa,
Fala as coisas certas,
Faz as coisas certas,
Mas nem sempre a gente está precisando das coisas certas
Aí é a hora de procurar a pessoa errada
A pessoa errada te faz perder a cabeça
Fazer loucuras
Perder a hora
Morrer de amor
A pessoa errada vai ficar um dia sem te procurar
Que é pra na hora que vocês se encontrarem
A entrega ser muito mais verdadeira
A pessoa errada é, na verdade, aquilo que a gente chama de pessoa certa
Essa pessoa vai te fazer chorar
Mas uma hora depois vai estar enxugando suas lágrimas
Essa pessoa vai tirar seu sono
Mas vai te dar em troca uma noite de amor inesquecível
Essa pessoa talvez te magoe
E depois te enche de mimos pedindo seu perdão
Essa pessoa pode não estar 100% do tempo ao seu lado
Mas vai estar 100% da vida dela esperando você
Vai estar o tempo todo pensando em você
A pessoa errada tem que aparecer pra todo mundo
Porque a vida não é certa
Nada aqui é certo
O que é certo mesmo é que temos que viver cada momento, cada segundo
Amando, sorrindo, chorando, emocionando, pensando, agindo, querendo, conseguindo
E só assim é possível chegar àquele momento do dia
Em que a gente diz: “Graças à Deus deu certo”
Quando na verdade
Tudo o que Ele quer
É que a gente encontre a pessoa errada
Para que as coisas comecem realmente a funcionar direito pra gente
Nossa missão:
Compreender o Universo de cada ser humano,
Respeitar as diferenças,
Brindar as descobertas,
Buscar a evolução.
Quando a gente acha que tem todas as respostas,
Vem a vida e muda todas as perguntas...

14 de ago. de 2008

Chico escreve com seus vários “eus”... por que eu não posso?

Devido à série de perguntas que me fizeram sobre o post anterior e às dúvidas que plantei na mente de muitas pessoas (se eu estivesse no bloglog da Globo.com, essa semana teria chegado ao topo do ranking... encostando em Marcos Mion...), respondo:

1 - Não... eu não estou namorando
2 - Não... eu não faço desse blog um diário virtual (só às vezes...)
3 - Sim... eu posso escrever sobre fatos inventados, que não aconteceram além da minha imaginação...

Semana passada eu estava na aula de História da Ciência, com meus queridos e amados bichos-grilos da USP, e o professor entendeu que todos ali eram super hiper mega fluentes em inglês... está certo que isso era pré-requisito para o curso, mas... bem, ele passou um vídeo sobre os grandes acontecimentos científicos de todos os tempos EM INGLÊS, SEM LEGENDA NENHUMA... pára tudo! Eu até consigo assistir a um filme em inglês, perco uma coisa ou outra e tudo bem... mas com sono, com fome e filme com cara de National Geographic... sem chance... minha concentração evaporou... nesse momento de descontrole mental total, nasceu o post abaixo...

Se é possível acreditar nisso ou não, cada um com seu cada um... nem eu mesma me convenço dessa explicação... mas não deixa de ser uma explicação.

No entanto, para quem quiser realmente saber quem eu sou, não saberá pela minha boca, nem pela boca de Clarice Lispector, que normalmente fala por mim... saberá por Martha Medeiros...

Martha Medeiros é uma escritora contemporânea, gaúcha (tudo que vem do Rio Grande do Sul é fantástico mesmo!), que escreve com o coração de uma mulher... uma mulher dos tempos atuais, com toda essa porcaria de feminismo que acabou conosco (essa comentário explicarei em outro post... numa outra oportunidade...)

Esse texto dela que transcrevo abaixo diz tudo de mim... quem sabe um dia alguém entenda e seja capaz de atingir o oásis que eu sou!


Eu, Modo de Usar
Martha Medeiros

Pode invadir ou chegar com delicadeza,
mas não tão devagar que me faça dormir.
Não grite comigo, tenho o péssimo hábito de revidar.
Acordo pela manhã com ótimo humor mas...
permita que eu escove os dentes primeiro.
Toque muito em mim, principalmente nos cabelos
e minta sobre minha nocauteante beleza.

Tenha vida própria, me faça sentir saudades,
conte algumas coisas que me façam rir, mas não conte piadas
e nem seja preconceituoso,
não perca tempo cultivando este tipo de herança de seus pais.
Viaje antes de me conhecer,
sofra antes de mim para reconhecer-me um porto,
um albergue da juventude.

Eu saio em conta, você não gastará muito comigo.
Acredite nas verdades que digo e também nas mentiras,
elas serão raras e sempre por uma boa causa.
Respeite meu choro, me deixe sozinha, só volte quando eu chamar e,
não me obedeça sempre, que eu também gosto de ser contrariada.
(Então fique comigo quando eu chorar, combinado?)

Seja mais forte do que eu e menos altruísta!
Não se vista tão bem... gosto de camisa para fora da calça,
gosto de braços, gosto de pernas e muito de pescoço.
Reverenciarei tudo em você que estiver a meu gosto:
boca, cabelos, os pêlos do peito e um joelho esfolado,
você tem que se esfolar às vezes, mesmo na sua idade.

Leia, escolha seus próprios livros, releia-os.
Odeie a vida doméstica e os agitos noturnos.
Seja um pouco caseiro e um pouco da vida,
não de boate que isso é coisa de gente triste.
Não seja escravo da televisão, nem xiita contra.
Nem escravo meu, nem filho meu, nem meu pai.
Escolha um papel para você que ainda não
tenha sido preenchido e o invente muitas vezes.

Me enlouqueça uma vez por mês, mas me faça uma louca boa,
uma louca que ache graça em tudo que rime com louca:
loba, boba, rouca, boca...
Goste de música e de sexo. Goste de um esporte não muito banal.
Não invente de querer muitos filhos, me carregar pra missa,
apresentar sua família... isso a gente vê depois... se calhar...
deixe eu dirigir o seu carro, que você adora.

Quero ver você nervoso, inquieto, olhe para outras mulheres,
tenha amigos e digam muitas bobagens juntos.
Não me conte seus segredos... me faça massagem nas costas.
Não fume, beba, chore, eleja algumas contravenções.
Me rapte!

Se nada disso funcionar... experimente me amar!!!



P.S. - Aviso aos navegantes... estou sem net em casa - temporariamente... meu aparelho receptor do sinal está com problemas... até o técnico arrumar sabe-se lá quanto tempo ainda vai demorar... mas eu volto... um dia eu volto!

6 de ago. de 2008

Preenchida


Embriões de todos os tipos passavam na tela à minha frente, mas só conseguia pensar num determinado pescoço... quando fecho os olhos, é aquele pescoço que vejo...


Quem me dera todas as minhas segundas-feiras fossem estreladas, como foi a última... com cheiros e gostos de café da manhã fresquinho...


Quem me dera ser acordada todos os dias por um feixe de luz de segunda-feira...


Quem me dera minhas manhãs vazias fossem todas assim preenchidas...


Não sei se foi o eclipse de 1º de agosto... não sei se foi o floral... só sei que agosto já está sendo melhor do que julho... agosto já amanheceu uma segunda-feira estrelada... estrelada como Brasília...


Ainda não aprendi a jogar... ainda não descobri onde deixei meus finais de semana... mas minhas segundas estão compensando todo o resto e deixando minhas terças, minhas quartas e todos os outros dias com sorrisos sem fim, olhares sem fim... preenchendo sem fim...



Amado
Vanessa da Mata

Como pode ser gostar de alguém

E esse tal alguém não ser seu

Fico desejando nós gastando o mar

Pôr-do-sol, postal, mais ninguém


Peço tanto a Deus

Para esquecer

Mas só de pedir me lembro

Minha linda flor

Meu jasmim será

Meus melhores beijos serão seus


Sinto que você é ligado a mim

Sempre que estou indo, volto atrás

Estou entregue a ponto de estar sempre só

Esperando um sim ou nunca mais


É tanta graça lá fora passa

O tempo sem você

Mas pode sim

Ser sim amado e tudo acontecer


Sinto absoluto o dom de existir,

Não há solidão, nem pena

Nessa doação, milagres do amor

Sinto uma extensão divina


É tanta graça lá fora passa

O tempo sem você

Mas pode sim

Ser sim amado e tudo acontecer


Quero dançar com você

Dançar com você

Quero dançar com você

Dançar com você