28 de fev. de 2010

Ninguém, nem mesmo a chuva...




Peço perdão a todo o resto do mundo, mas hoje o post é todo, inteiro, completamente dedicado ao Zeca Baleiro.
Ontem ele fez o show da Virada da Saúde, no Ibirapuera. Entrei no camarim, tirei fotos, ele autografou todos os meus CDs, de Stephen Fry ao Coração do Homem Bomba. Simpático, com aquela voz apaixonante, falamos sobre o CD Líricas, meu preferido... enfim... ai... ai... e tomava Jack Daniels... ou seja, ele é dos meus... já temos algo em comum...

“Não quero medir a altura do tombo
Nem passar agosto esperando setembro
Se bem me lembro
O melhor futuro, esse hoje escuro
O maior desejo da boca é o beijo”
Bandeira, do CD “Por onde andará Stephen Fry?”


Eu me apaixonei por Zeca Baleiro quando fui para Bauru, em 2000. No ambiente universitário da Unesp, Zeca era tão popular quanto Chico Buarque e quando ouvi, percebi o motivo... a voz dele era “mais profunda que todas as rosas”. Eu costumava dormir embalada por aquele embalar...

“Eu não tenho tempo
Eu não sei voar
Dias passam como nuvens
Em brancas nuvens
Eu não vou passar”
Eu não tenho tempo, do CD “Vô Imbolá”

O primeiro CD que ouvi foi o Líricas, que na verdade é o terceiro CD do Zeca. Tão poético, tão profundo, tão cheio de alma, que sempre me deu vontade de chorar... não um choro triste... mas sim um choro de quem está presenciando algo acima do simples bonito... algo que não tem explicação em palavras...

“A saudade é uma colcha velha
Que cobriu um dia
Numa noite fria
Nosso amor em brasa
A saudade é Brigitte Bardot
Acenando com a mão
Num filme muito antigo”
Brigitte Bardot, do CD “Líricas”

É difícil achar uma única música preferida... gosto de tantas, tenho carinho por tantas... mas tenho uma queda especial por Minha Casa, que já escrevi aqui tantas vezes e reproduzo um pedacinho no final do post... Na época, eu estava saindo de casa, cortando o cordão umbilical, vivendo sozinha de fato... e Minha Casa representava tudo isso...

“Eu tava triste, tristinho
Mais sem graça que a top model magrela da passarela
Eu tava só, sozinho
Mais solitário que um paulistano
Que um vilão de filme mexicano”
Telegrama, do CD “Petshopmundocão”

Ah... Telegrama tem tudo a ver com o momento que eu vivo hoje... afinal eu vivo solitária em São Paulo, praticamente uma paulistana... mas tem muitos dias que levanto querendo mandar flores para o delegado e desejar bom dia para o vizinho... não é à toa que essa música é um sucesso... quem não se identifica? Quem não está tristinho um dia e, de repente, recebe um “telegrama” que o faz beijar o português da padaria?

“Mas a minha alma não quer nem saber
Só quer entrar em você
Como tantas vezes já me viu fazer”
Alma Nova, do CD “Baladas do Asfalto e Outros Blues”

E, recentemente, ele lançou o Coração do Homem Bomba, volume 1 e 2... me arrebatou novamente... já me pego cantando, já me pego me emocionando... e querendo mais e mais... continuar Baleirando ainda por muito tempo...

“O coração do homem bomba faz tum tum
Até o dia em que ele fizer Bum”
“O Coração do Homem Bomba, volume 1”

“Aonde fores eu vou
Aonde flores eu fujo
Te dou meu poema sujo
Que eu não sei fazer toada”
Trova, do CD “O Coração do Homem Bomba, volume 2”

Bem... fico devendo as fotos do show... porque ainda não peguei... e vou escanear os autógrafos... quero mostrar...
Mas deixo Minha Casa, como prometi, no final... só um pedacinho, porque esse post já ficou muito grande e, mesmo assim, faltou tanta coisa...

“Não quero ser triste
Como o poeta que envelhece
Lendo Maiakovski na loja de conveniência
Não quero ser alegre
Como o cão que sai a passear
Com o seu dono alegre
Sob o sol de domingo
Nem quero ser estanque
Como quem constrói estradas e não anda
QUERO NO ESCURO
COMO UM CEGO TATEAR ESTRELAS DISTRAÍDAS”
Minha Casa, do CD “Líricas”

Eu também quero...

21 de fev. de 2010

Vou entrelinhar

Sim... existe o verbo entrelinhar (espie lá no dicionário). Significa por entrelinha... Mas para quem pretendia entrelinhar, já expliquei demais.

Carnarock com Maria Madame!

Eu e Flá no Ipanema Clube

No Baronesas... carnarock!


Primeiro... Carnaval... falei, no último post, que contaria meu Carnaval. Resumindo: foi ótimo! Adorei o carnarock... Maria Madame é demais! Ou seja... a banda estava fantástica, o Jack delicioso, as companhias show de bola! Perfeito!

Fui também para o Clube Ipanema. Estava muito bom também. Apesar de não ser uma adoradora do Carnaval, no clube foi legal. Me diverti pra valer. Acabei caindo no samba e, ano que vem, a família Pregnolatto terá uma mesa cativa... vamos reviver as marchinhas...

Ainda não decidi se acredito em destino... mas existem fatos que parecem escritos que vão acontecer... e, por mais que você se ache suficientemente forte para detê-los, fica impossível.
O Universo todo conspira para que aquele momento aconteça. Será que isso é destino? Ou tem outro nome? Estou pensando a respeito... com todo carinho. Passei bastante tempo pensando (às vezes penso demais). E, quando chegou a hora, me dei conta que não dá para enganar esse moleque caprichoso... o tal destino.

“Eu gosto tanto de você que até prefiro esconder... deixo assim ficar subentendido”


Autoramas... sexta-feira eu fui apresentada a essa banda e apaixonei à primeira vista. Preciso conhecer mais, ouvir as músicas, saber cantar... assim, no próximo show, vou acompanhar todas as músicas.


“Posso me incluir nos seu dia
Ser visita imprevisível pra depois
Posso fazer sua trilha
Ser canção inesquecível
Pra vocês dois

Eu te adoro tanto
Você não imagina quanto
Quero ouvir uma canção
Que diz assim...”
Autoramas


Eita, coração libriano! Sempre em busca de borboletas no estômago, do frio na barriga, de saber a cor da manhã... de noites perfeitas para dias perfeitos... como disse em post anterior, sou uma apaixonada... pela vida, pelas montanhas-russas, pelo ser humano... buscando sempre... buscando sorrisos, buscando borboletas... e sempre fazendo valer a pena.

“- Minha vida é monótona. Eu caço galinhas e os homens me caçam. Todas as galinhas se parecem e todos os homens também. E isso me incomoda um pouco. Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei um barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros passos me fazem entrar debaixo da terra. Os teus me chamarão para fora da toca, como se fosse música.
(...)
- A gente só conhece bem as coisas que cativou – disse a raposa. – Os homens não têm mais tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo já pronto nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres um amigo, cativa-me!
- Que é preciso fazer? – perguntou o pequeno príncipe.
- É preciso ser paciente – respondeu a raposa. – Tu te sentarás primeiro um pouco longe de mim, assim, na relva. (...) Mas, cada dia, te sentarás um pouco mais perto...
No dia seguinte o príncipe voltou.
- Teria sido melhor se voltasses à mesma hora – disse a raposa. – Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde às três eu começarei a ser feliz! Quanto mais a hora for chegando, mais eu me sentirei feliz. Às quatro horas, então, estarei inquieta e agitada: descobrirei o preço da felicidade!
(...)
Assim o pequeno príncipe cativou a raposa.
(...)
O pequeno príncipe foi rever as rosas:
- Vós não sois absolutamente iguais à minha rosa, vós não sois nada ainda. Sois como era minha raposa. Era uma raposa igual a cem mil outras. Mas eu a tornei minha amiga. Agora ela é única no mundo.
E as rosas ficaram desapontadas.
- Sois belas, mas vazias – continuou ele. – Não se pode morrer por vós. Um passante qualquer sem dúvida pensaria que a minha rosa se parece convosco. Ela sozinha é, porém, mais importante que todas vós, pois foi ela quem eu reguei.
(...)
E voltou, então, à raposa:
- Adeus... – disse ele.
- Adeus – disse a raposa. – Eis o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos. (...)”
O Pequeno Príncipe
Antoine de Saint-Exupéry

15 de fev. de 2010

Viveeeeerrrr e não ter a vergonha de ser feliz...


Quando era mais nova, bem mais nova, com 13, 14, 15 anos, adorava ir para o clube e pular carnaval. Gostava, especialmente, das marchinhas... “olha a cabeleira do Zezé, será que ele é, será que ele é...”.

Gosto de marchinhas por causa dessa minha veia histórica, que corre, pulsa e faz bater tudo mais forte dentro de mim... marchinhas de carnaval são história também...

Mas quando começaram a aparecer os “tchans”, axés e pagodes, perdi a vontade de ir para os clubes... e comecei a achar Carnaval um porre. Nunca mais tentei...

Alguns anos atrás, saí em um bloco de carnaval em Mongaguá. Ok... Mongaguá não é parâmetro... de qualquer modo, fui... realmente, não é a minha praia. Não tenho mais saco, nem disposição, nem vontade de ficar empaçocada no meio de um monte de gente mal educada, bêbada, nojenta e ainda agüentar axé... decidi que Carnaval em Salvador, JAMAIS!... Aliás, não nasci para pular em cima do xixi dos outros... ECA!

Ultimamente, encontrei meu lugar no Carnaval. Enquanto ainda não posso passar o Carnaval no berço dele, onde tudo é mais lindo, ou seja, em Veneza, vou passando por aqui, curtindo o bom e velho Carnarock!

Não deixei de gostar de samba, das marchinhas... por isso, amanhã vou pular carnaval em um clube tradicional de Sorocaba... vou tentar reencontrar as marchinhas... depois conto para vocês como foi...

Hoje... vou para o rock´n´roll!!! Curtir com os meus amigos, sem muvuca, sem xixi no chão...

Amigos... Jack Daniels com água de coco... Maria Madame... e muita alegria sempre!


“Vou beijar-te agora, não me leve a mal, hoje é Carnaval”...

7 de fev. de 2010

Se eu pudesse ter mais de 24 horas por dia...


Hoje abri o meu armário e dei de cara com meus livros... todos eles me cobrando um afago, uma olhadela, uma folheada... todos eles carentes de mim... e me senti culpada e saudosa...

Saudosa dos dias em que eu conseguia ler... devorar meus livros um a um, com intensidade, amor e prazer...

E eles continuaram me olhando... muitos já degustados e rabiscados (sim, eu tenho essa mania!), outros apenas folheados, lidos em algumas partes, como os de poesia, que abro e folheio em momentos próprios, quando preciso de injeções fortes de Mário Quintana, meu grande amor ao lado de Chico Buarque, ou de Clarice... ou de Drummond...e alguns estão intocados, para minha total tristeza e lamento.

Já tentei fazer promessa... não vou comprar mais nenhum livro enquanto não ler TODOS que estão comprados. Mas não resisto a uma livraria, não resisto ao folhear das páginas e... pronto, já estou no caixa!

Consigo parar de comer chocolate (essa promessa eu cumpri... está certo que foi só um mês), consigo ficar sem TV, consigo ficar sem beber (também já cumpri esse desígnio... foram três meses sem beber!)... mas ficar sem livraria, sem livros, sem comprar um livro... aí já é pedir demais!

Mas preciso arrumar tempo para eles... para me envolver nos braços de cada um deles e partilhar de suas sabedorias...

Tempo... eita assunto que me ronda 24 horas por dia... eu quero mais... quero 32 horas, quero não precisar dormir, quero poder fazer tudo e muito mais. Mas o tempo, esse velho amigo, não quer saber de paz e sossego... ele corre veloz e, quando vejo, já é meia-noite, já é o dia seguinte, já é fevereiro, já é carnaval... já são as águas de março por todo o verão...

E eu acabo acompanhando essa corrida veloz, esquecendo-me de olhar para os meus queridos... ali, sozinhos, na prateleira do armário... sempre esperando por mim.

E já que falei de Mário Quintana...

O que o vento não levou

No fim tu hás de ver que as coisas mais leves são as únicas
que o vento não conseguiu levar:

um estribilho antigo
um carinho no momento preciso
o folhear de um livro de poemas
o cheiro que tinha um dia o próprio vento...