14 de ago. de 2008

Chico escreve com seus vários “eus”... por que eu não posso?

Devido à série de perguntas que me fizeram sobre o post anterior e às dúvidas que plantei na mente de muitas pessoas (se eu estivesse no bloglog da Globo.com, essa semana teria chegado ao topo do ranking... encostando em Marcos Mion...), respondo:

1 - Não... eu não estou namorando
2 - Não... eu não faço desse blog um diário virtual (só às vezes...)
3 - Sim... eu posso escrever sobre fatos inventados, que não aconteceram além da minha imaginação...

Semana passada eu estava na aula de História da Ciência, com meus queridos e amados bichos-grilos da USP, e o professor entendeu que todos ali eram super hiper mega fluentes em inglês... está certo que isso era pré-requisito para o curso, mas... bem, ele passou um vídeo sobre os grandes acontecimentos científicos de todos os tempos EM INGLÊS, SEM LEGENDA NENHUMA... pára tudo! Eu até consigo assistir a um filme em inglês, perco uma coisa ou outra e tudo bem... mas com sono, com fome e filme com cara de National Geographic... sem chance... minha concentração evaporou... nesse momento de descontrole mental total, nasceu o post abaixo...

Se é possível acreditar nisso ou não, cada um com seu cada um... nem eu mesma me convenço dessa explicação... mas não deixa de ser uma explicação.

No entanto, para quem quiser realmente saber quem eu sou, não saberá pela minha boca, nem pela boca de Clarice Lispector, que normalmente fala por mim... saberá por Martha Medeiros...

Martha Medeiros é uma escritora contemporânea, gaúcha (tudo que vem do Rio Grande do Sul é fantástico mesmo!), que escreve com o coração de uma mulher... uma mulher dos tempos atuais, com toda essa porcaria de feminismo que acabou conosco (essa comentário explicarei em outro post... numa outra oportunidade...)

Esse texto dela que transcrevo abaixo diz tudo de mim... quem sabe um dia alguém entenda e seja capaz de atingir o oásis que eu sou!


Eu, Modo de Usar
Martha Medeiros

Pode invadir ou chegar com delicadeza,
mas não tão devagar que me faça dormir.
Não grite comigo, tenho o péssimo hábito de revidar.
Acordo pela manhã com ótimo humor mas...
permita que eu escove os dentes primeiro.
Toque muito em mim, principalmente nos cabelos
e minta sobre minha nocauteante beleza.

Tenha vida própria, me faça sentir saudades,
conte algumas coisas que me façam rir, mas não conte piadas
e nem seja preconceituoso,
não perca tempo cultivando este tipo de herança de seus pais.
Viaje antes de me conhecer,
sofra antes de mim para reconhecer-me um porto,
um albergue da juventude.

Eu saio em conta, você não gastará muito comigo.
Acredite nas verdades que digo e também nas mentiras,
elas serão raras e sempre por uma boa causa.
Respeite meu choro, me deixe sozinha, só volte quando eu chamar e,
não me obedeça sempre, que eu também gosto de ser contrariada.
(Então fique comigo quando eu chorar, combinado?)

Seja mais forte do que eu e menos altruísta!
Não se vista tão bem... gosto de camisa para fora da calça,
gosto de braços, gosto de pernas e muito de pescoço.
Reverenciarei tudo em você que estiver a meu gosto:
boca, cabelos, os pêlos do peito e um joelho esfolado,
você tem que se esfolar às vezes, mesmo na sua idade.

Leia, escolha seus próprios livros, releia-os.
Odeie a vida doméstica e os agitos noturnos.
Seja um pouco caseiro e um pouco da vida,
não de boate que isso é coisa de gente triste.
Não seja escravo da televisão, nem xiita contra.
Nem escravo meu, nem filho meu, nem meu pai.
Escolha um papel para você que ainda não
tenha sido preenchido e o invente muitas vezes.

Me enlouqueça uma vez por mês, mas me faça uma louca boa,
uma louca que ache graça em tudo que rime com louca:
loba, boba, rouca, boca...
Goste de música e de sexo. Goste de um esporte não muito banal.
Não invente de querer muitos filhos, me carregar pra missa,
apresentar sua família... isso a gente vê depois... se calhar...
deixe eu dirigir o seu carro, que você adora.

Quero ver você nervoso, inquieto, olhe para outras mulheres,
tenha amigos e digam muitas bobagens juntos.
Não me conte seus segredos... me faça massagem nas costas.
Não fume, beba, chore, eleja algumas contravenções.
Me rapte!

Se nada disso funcionar... experimente me amar!!!



P.S. - Aviso aos navegantes... estou sem net em casa - temporariamente... meu aparelho receptor do sinal está com problemas... até o técnico arrumar sabe-se lá quanto tempo ainda vai demorar... mas eu volto... um dia eu volto!

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