9 de jun. de 2008

“Quero no escuro, como um cego tatear estrelas distraídas”

Especialmente para o meu leitor mais assíduo... estou de volta!
Assunto não falta... depois de passar tantos dias escrevendo sobre esporte, sem entender quase nada de esportes (confesso!!!), tive certeza de que jornalista consegue escrever sobre qualquer assunto, dominando-o ou não, desde que tenha planejamento e as fontes certas... nosso trabalho não é saber, mas sim descobrir quem sabe e organizar as informações de forma que qualquer pessoa também possa saber... viva!!!!



Tem algo que não sai da minha cabeça... o pôr-do-sol... ou melhor os pôres-do-sol... isso mesmo... porque o Sol é sempre o mesmo, mas eu me lembro de diversos crepúsculos na minha vida (ficou bonito isso...). O pôr-do-sol lindo em Floripa, na Av. Beira-Mar Norte... o pôr-do-sol na praia de Itanhaem... o pôr-do-sol que eu via do quintal da minha casa em Sorocaba... “a mesma e única casa, a casa onde eu sempre morei”...
Sempre gostei desses momentos... talvez porque seja o início da noite, meu horário favorito... ou porque simplesmente é bonito mesmo. Mas ainda não consigo entender um pôr-do-sol sozinha... acho que pôres-do-sol foram feitos para ser compartilhados... e essa chance ainda não tive... nossa, está muito calor... espero que chova!
Mas, mais do que tudo isso, os pôres-do-sol de minha vida têm um gosto de saudade, um gosto de infância, um gosto de família reunida em torno dos bolinhos de chuva da minha avó, em torno da janela que dá para a muralha da Mata Atlântica, em torno dos apitos do trem, da parede que nunca esfriava... tópico bucólico e saudosista...
Tive saudade de momentos de minha infância... ouvindo a música “Minha Casa”, do Zeca Baleiro... “Não quero ser triste / como um poeta que envelhece lendo Maiakovski na loja de conveniência / Não quero ser alegre / como um cão que sai a passear com o seu dono alegre sob o Sol de domingo / Nem quero ser estanque / como quem constrói estradas e não anda / Quero no escuro, como um cego tatear estrelas distraídas”
É o que eu quero também... tatear no escuro... sentir o cheiro, o gosto... os arrepios...

Ah... para finalizar do jeito que tem que ser... como falei muito em Mário Quintana, o querido poeta gaúcho, que misturava prosa e poesia... que escrevia sobre o cotidiano, sobre seu olhar... não poderia deixar de postar um poeminha dele aqui... não só o famoso “Todos esses que aí estão / Atravancando meu caminho. / Eles passarão... / Eu passarinho!”


A imagem e os espelhos

Jamais deves buscar a coisa em si, a qual depende tão-somente dos espelhos.
A coisa em si, nunca: a coisa em ti.
Um pintor, por exemplo, não pinta uma árvore: ele pinta-se uma árvore.
E um grande poeta – espécie de Rei Midas à sua maneira – um grande poeta, bem que ele poderia dizer:
- Tudo o que eu toco se transforma em mim.



E continuo afirmando... sempre... que “estranho seria se eu não me apaixonasse por você”.

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