11 de fev. de 2009

Sou tão perto de você


Ser feliz é a única justificativa da vida... não sei se estou, única e exclusivamente, sentindo uma alegria que vem, única e exclusivamente, de mim. Mas estou... e se sou única, agradeço a Deus pela sorte que tenho tido... a Deus e aos meus avós queridos, que sei que olham por mim, de onde quer que eles estejam...

Tenho me sentido assim... embriagada... de vinho, de poesia, de sol, de calor, de palavras... naturalmente... assim...

Estou me sentindo na essência de mim mesma... celebrando o simples fato de viver... viver do jeito que eu desejei... sentindo a poesia prevalecendo em cada olhar, em cada canto... que bom que pode ser assim!

Pode ser que eu esteja um tanto quanto alienada do mundo (na verdade, não estou...), mas presenciar esse meu ser, tão confuso, tão montanha-russa, tão inseguro, neste momento modificado 350º, tão high... tão pleno... não, desculpem-me, não posso deixar de curtir esse meu momento... deixem-me criar asas... me livrar de minhas marcas e faça o Sol!

Então... na agenda que comprei esse ano, da Tribo, veio um texto de Charles Baudalaire, que reproduzo porque vale a pena... e tem a ver...


“É necessário estar sempre bêbedo. Tudo se reduz a isso; eis o único problema. Para não sentirdes o fardo horrível do Tempo, que vos abate e vos faz pender para a terra, é preciso que vos embriagueis sem cessar.
Mas – de quê? De vinho, de poesia ou de virtude, como achardes melhor. Contanto que vos embriagueis.
E, se algumas vezes, nos degraus de um palácio, na verde relva de um fosso, na desolada solidão do vosso quarto, despertardes, com a embriaguez já atenuada ou desaparecida, perguntai ao vento, à vaga, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo o que foge, a tudo o que geme, a tudo o que rola, a tudo o que canta, a tudo o que fala, perguntai-lhes que horas são; e o vento, e a vaga, e a estrela, e o pássaro, e o relógio, hão de vos responder:
- É a hora da embriaguez! Para não serdes os martirizados escravos do Tempo, embriagai-vos, embriagai-vos sem tréguas! De vinho, de poesia ou de virtude, como achardes melhor.”

Terça eu tive a primeira aula do José Arbex no curso da pós-graduação... o cara é excelente... um jornalista e tanto... poucos caras são éticos e corajosos como ele... ele foi editor da Folha de São Paulo, colunista da revista Caros Amigos e hoje é simplesmente acadêmico... desistiu do jornalismo... alega que o mundo das redações é muito podre, sem a verdade, que seria a “arma” do jornalista... É complicado! Para um cara extremamente ético, como o Arbex, viver nesse meio é f..... ou você vende sua alma ao diabo, ou perde o emprego ou perde o fígado... ele disse que escapou por pouco de perder o fígado... e o bom humor...

Eu dei muita sorte... gosto do que faço e faço com prazer... não tive que passar por nenhuma situação de escolhas difíceis, que colocariam minha ética, minha consciência em jogo... não sei o que faria... sou sincera em dizer isso... talvez vendesse minha alma ao diabo, que, neste caso, é o diretor do jornal... afinal, precisamos viver e sobreviver... mas não sei se seria a mesma depois disso...

Admiro muito o Arbex por nunca ter se permitido se sujar... pela ética e incorruptibilidade acima de qualquer coisa... admiro de verdade! Mas, olho para ele, e vejo também aquela tristeza de quem viu que vive num mundo podre e sujo... e somatiza tudo isso... e se perde... perde o brilho no olhar, a esperança, o pôr-do-sol... perde as borboletas... não gostaria de ficar assim... e acho que o Arbex deveria se embriagar mais... de vinho, de poesia... porque virtude ele já tem de sobra.

Para acabar... segue a música título desse post... Perto de Você... do Teatro Mágico... que dedico a alguém que me embriaga sempre... alguém que eu queria encontrar toda terça, na saída do metrô...

Quando começar o frio, dentro de nós
Tudo em volta parece tão quieto
Tudo em volta não parece perto
Toda volta parece o mais certo
Certo é estar perto sem estar
Perto de você, sou tão perto de você, sou tão perto de você

Quando o tempo não passar, dentro de nós
Cada hora é como uma semana
Cada novo alô é mais bacana
Cada carta que eu nunca recebo
É sempre um motivo pra lembrar
Sou tão perto de você

Vida amarga, como é doce a dor da palavra dita de tão longe, dita de tão longe, dita de tão longe...

Quando alguém se machuca, dentro de nós
Toda culpa parece resposta
Nossa busca não parece nossa
Nosso dia já não tem mais festa
Não tem pressa nem onde chegar
Sou tão perto de você

Quando a paz se anunciar, dentro de nós
É porque aquilo que nos cega, mostra um outro lado pra moeda
Que não paga as coisas do meu peito
O preço é me fazer acreditar
Sou tão perto de você

Vida amarga, como é doce a dor da palavra dita de tão longe, dita de tão longe, dita de tão longe

Quando a música acabar, dentro de nós...

Um comentário:

Unknown disse...

êê Fran, como sempre feliz e cheia das borboletas, porque sem elas você definitivamente não vive! hahaha.

TM é bom demais, música liiinda!

beijoos.