16 de set. de 2009

Saudade... que dor e delícia é essa?


Existem tipos diferentes de dor... a dor física – dói também... sabe aquela batidinha leve no cotovelo, que nem parecia que iria doer tanto, mas parece uma cirurgia de cérebro sem anestesia? Essa é a dor física...

Mas pior do que a dor física é a dor emocional... por exemplo, a dor da saudade... pode ser saudade de um tempo, da infância, da família que está longe, de colo de mãe, de bolinho de chuva, do cheiro de terra molhada, da lua cheia e de um céu estrelado... mas dói muito... mais do que a topada no cotovelo, a dor da ausência de alguém que não deveria estar ausente...

É saudade da pele, do cheiro, do gosto... saudade da presença, mesmo estando logo ali... saudade de borboletas, saudade de campainha... eram dias sem ver, mas sabia que cedo ou tarde estaria ali... cedo ou tarde os trens subiriam os trilhos novamente e o eixo da Terra voltaria para o lugar certo. Sabia que o sentimento continuava ali... e continua... mas agora resta a saudade, não consentida... de algo que se vai para deixar um vazio no lugar... e não se sabe como preenchê-lo.

Saudade é não saber... não saber quando o sentimento vai voltar para dentro de você... é não saber quando a felicidade vai pegar a sua mão de novo e fazê-la voar... é não ter certezas... é não saber o que fazer com o que você é... com o que sente e vem tão forte e fundo e soa tão bom... Saudade... é não saber o que fazer com as lágrimas, com as músicas, com o quarto, que era tão pequeno e agora não acaba mais... com o pensamento...

Clarice Lispector, em toda sua grandeza e sabedoria, já dizia que “saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença. Mas às vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco: quer-se absorver a outra pessoa toda (...)”. É isso...

E então nada fica mais forte do que nosso desejo... na luta entre o cérebro e o coração, em mim o coração ganha de lavada...

Está tudo planejado dentro de você... tudo acertado... apesar da saudade... a cabeça já sabe o que dizer e fazer... mas aí... aparecem as borboletas... assim de repente... entram pela porta da frente, preenchem o vazio e adeus planejamento. Os neurônios desligam completamente... e você só fica inebriada com um único gosto...

Derrete-se, consome-se, entrega-se... e ganha um sorriso enigmático nos lábios e um dia mais e mais feliz... não... eu não quero ter as rédeas de nada... eu quero mesmo é ser feliz... e não sentir tanta saudade...

E espero que um dia ninguém me julgue por ter feito tudo, tudo, tudo com o coração...

Remissão
Naquele dia fazia um azul tão límpido, meu Deus, que eu me sentia perdoada para sempre não sei de quê.
Mário Quintana

2 comentários:

Teacher Gabi disse...

Linda...que blog maravilhoso!!!
Martha Medeiros com seu toque ficou um maximo!
Beijos
Gabi

AIRTON disse...

Se foi algo bom,o tempo é o remédio,não para esquecer mas sim para guardarmos naquele canto chamado "SAUDADE".Se foi de coração não tem porque ser julgado.
BOA SEMANA!!!!