29 de jul. de 2008

Em que estrada deixei meus finais de semana?


Há sextas que parecem que vão explodir em alegria... mas acabam se transformando em segundas cinzentas...

Há segundas com cara de fim de noite no domingo... mas acabam se transformando, milagrosamente, em finais de semana estrelados... essas segundas acabam se perpetuando em terças... em quartas...

Papo estranho, não é?! Na verdade, meus dias têm sido todos com cara de segunda... sem finais de semana estrelados...

O fato é que não tenho motivos para não ser feliz... para não ter finais de semana estrelados... tenho uma carreira em ascensão, adoro meu trabalho, faço aquilo que sonhei fazer e me dá muito prazer... poucas pessoas têm essa bênção...

Vou voltar a estudar – algo que adoro fazer também – e vou estudar na USP, algo que sempre imaginei (hoje não entendo muito bem esse meu sonho, mas vamos realizá-lo!)... estou feliz demais com a minha escolha, com meus projetos... estou feliz por estar falando inglês absurdamente... por ter conseguido destravar minha língua...

Estou feliz comigo mesma... consegui atingir a meta que me propus... perdi seis quilos... e não engordei mais... estou na academia... estou cuidando da minha saúde como deve ser... e estou recebendo o feedback por tudo isso... muitos elogios!

Enfim... tenho todos os motivos para me orgulhar de mim, para ser plenamente feliz...

Mas esse Muro de Berlim dentro de mim insiste em ficar em pé... e especialmente hoje está doendo homericamente.

Algo lembrou minha infância... minha casa... a mesma e única casa... meu quintal, de onde posso ver o pôr-do-sol... onde sentei tantas vezes e olhei o vazio... e compus minhas teorias crentes e descrentes que ficaram naquelas gramas...

Mas continua doendo... continuo sendo só eu... continua um apartamento pequeno que não acaba mais.

As ruas continuam me levando... continuam sem sentido... continuo tecendo teorias que nunca saem do meu cérebro... nunca passam para o papel... e se perdem... agora no asfalto...

E continuo sem esse botão de “off”... assim não desligo minha mente e minha boca jamais... e o filtro, que de vez em quando funcionava, com um curto-circuito, agora não tem mais conserto...

Minhas tardes continuam vazias... sem fantasia... mas sinto o cheiro de pele... sinto os gostos... sem poder desfrutar... eu, que sempre quis, mas não consigo jogar... não aprendi a blefar, não aprendi a brincar de esconde-esconde... não sei ganhar a vida na maracutaia...

Mas agora, a luz está se apagando e penso em ir dormir... só para colocar meu cérebro mais um pouco para funcionar... só mais um pouco...


“Eu quero a sina de um artista de cinema
Eu quero a cena onde eu possa brilhar
Um brilho intenso, um desejo, eu quero um beijo
Um beijo imenso onde eu possa me afogar

Eu quero ser o matador das cinco estrelas
Eu quero ser o Bruce Lee do Maranhão
A patativa do Norte, eu quero a sorte
Eu quero a sorte de um chofer de caminhão

Pra me danar por essa estrada mundo afora, ir embora
Sem sair do meu lugar
Pra me danar por essa estrada mundo afora, ir embora
Sem sair do meu lugar

Ser o primeiro, ser um rei, eu quero um sonho
Moça donzela, mulher dama, ilusão
Na minha vida tudo vira brincadeira
A matinê é verdadeira, domingo e televisão

Eu quero um beijo de cinema americano
Fechar os olhos, fugir do perigo
Matar bandido e prender ladrão
A minha vida vai virar novela

Eu quero amor, eu quero amar,
eu quero o amor de Lisbela
eu quero o mar e o sertão"

Do filme "Lisbela e o Prisioneiro"

2 comentários:

S.M. disse...

Faz MUITO tempo mesmo que não venho deixar um comentário pra você. Sorry, sorry. eu estou sem compoutador Fran e acabo entrando pouquissimo na internet.
Li todos os textos e adorei. em especial o ultimo. Eu entendo você do jeito que posso. Você sabe, temos um bocado de coisas em comum, é engraçado!

Beeeijos, até o proximo final de semana ;)

Unknown disse...

Não tem como não elogiar você Fran, pelo que você escreve, pelo o que você é.
E quer saber? Ainda bem que o teu filtro não funciona! Se funcionasse não teria graça. è essa a tua graça, é esse o teu jeito! Esse teu jeito sem filtro, te torna especial também na minha opnião!
Ps.: Lisbela e o Prisioneiro...ta na minha listinha dos filmes favoritos! E a trilha sonora é linda,linda,linda!